sábado, 15 de junho de 2013

SANTIAGO, CHILE

      Santiago é a alma de um país vibrante, com muitos contrastes. Uma alma bem moderninha, que não deixa o seu passado esmorecer. São tantas as afinidades entre o velho e o novo, que chega a ser curioso ver o mix de arquiteturas.
      Como em toda grande cidade que cresceu às luzes da colonização, o Centro velho é uma lembrança do passado que ecoa nos ouvidos, como se estivesse a aguçar nossos sentidos para a história, que não pode ser passada para trás tão simplesmente. E a história de Santiago é uma vertente com seu cunho próprio e peculiar das histórias que tanto ouvimos na América do Sul: de como fomos dominados e explorados pelos Ibéricos conquistadores. No caso, Pedro de Valdívia, em 1541, foi quem conquistou o Chile e estabeleceu o principal assentamento (hoje Santiago) ao lado do Rio Mapocho e entre a Cordilheira dos Andes, estrategicamente.
Catedral e arquitetura moderna na Plaza de Armas

Correo Central na Plaza de Armas

Plaza de Armas

       Muitas lembranças desta história estão vivas nas esquinas de Santiago. O seu Centro é muito pequeno e fácil de ser explorado. Na Plaza de Armas, as atrações estão ao alcance de um quadrante, assim como os prédios do Correo Central - antiga residência de Valdívia - , a Catedral e o Monumento a Los Pueblos Indigenas. A Plaza, em si, é bastante cheia de turistas e demais sul-americanos. A pé, chega-se facilmente ao Mercado Central, onde se pode comer muitíssimo bem frutos do mar, mas com o cuidado de recusar as insanas tentativas dos garçons de trazê-los para dentro de seus restaurantes. Para quem esteve no Mercado da Seda na China, isso foi nada...

Mercado Central

Centolla - caranguejo gigante

Pisco no El Galeon, Mercado Central
       Além disso, o Centro oferece vistas do Palácio de la Moneda - a sede da Presidência chilena - passeios agradáveis pelas ruas de compras e a vista de prédios memoráveis em muitas esquinas. Hospedar-se no Centro pode ser uma boa quando se quer estar ao alcance de tudo. Porém, há um detalhe: estacionamento é bem complicado e jantar por ali não é uma boa pedida. As opções são poucas, dependendo da hora. 
        Santiago oferece outros passeios imperdíveis, como a visita ao Cerro Santa Lucia e ao Cerro San Cristóbal, de onde se pode ter uma magnífica vista da cidade e de seus prédios despontando no horizonte, em uma competição visual de suntuosidade com a Cordilheira ao fundo. No meio do caminho do funicular de San Cristóbal, é possível estender algumas horas no zoo construído ao pé da montanha e que traz uma tranquilidade da agitação urbana, principalmente para quem viaja com crianças. Descendo o Cerro San Cristóbal, está uma das casas de Neruda - La Chascona - e o bairro Bellavista, o mais boêmio de todos, onde ficam restaurantes charmosos e o Pateo Bellavista, com lojinhas e barzinhos: um belo passeio para recarregar as energias.
Vista do Zoo à cidade

Llhama no zoo do Cerro

Cordilheira ao fundo

La Chascona - Neruda

Bellavista
        Com o desenvolvimento econômico do Chile na década de 1990, a cidade ganhou novos ares: Providencia, Vitacura e Las Condes são hoje bairros comerciais e residencias mais modernos, com largas avenidas e com a cara da riqueza... Shoppings bem arrumados e arranha-céus convencem-nos de que Santiago é um local muito agradável de se explorar não somente como aventureiro. É bem possível que você saia do Chile mais impressionado do que esperava estar quando chegou.
          Saindo um pouco de Santiago, mas ainda em seu entorno, é possível apreciar os prazeres do vinho nas visitas às vinícolas famosas, como Concha y Toro, Undurraga, Santa Rita e muitas outras, onde se pode saborear vinhos com a uva de origem francesa, mas que se adaptou quase que exclusivamente ao clima da região chilena: Carménère.

Concha y Toro

Concha y Toro
        Santiago é um contraste entre várias situações: o passado e o presente se misturam e convivem numa boa. Um é parte do outro. A natureza e a complexidade de uma metrópole com alma inca se interceptam aos pés das Cordilheiras dos Andes, ou onde quer que nossos olhos alcancem.
       Quando a neblina assenta ao mais leve respingar da chuva, quando a neve escorrega pelas encostas branquinhas e imponentes daquelas montanhas, vê-se mais claramente o que todos sabem: o homem pode usar de seus recursos, tentar mudar seu curso, mas quando ergue os olhos e vê o tamanho da encrenca intransponível bem ali na sua frente, ele até tenta...mas é impossível não estar consciente de que deve haver um limite. Ainda bem que para nós, turistas, nosso limite está apenas ao alcance das fotografias. E Santiago rende muitas delas, muitas histórias, muito respeito pela natureza. Quanto mais ela imponente se anuncia, mas impotente o homem se denuncia.
Vista do Cerro San Cristóbal

Vista aérea da Cordilheira dos Andes
          Ao regressar para casa, sobrevoando a fantástica Cordilheira dos Andes, o silêncio se fez gigante  diante da vastidão das montanhas que ousamos cruzar. Naquele momento entendi que sim, somos infinitamente menores. Voltando então à realidade da metrópole, Santiago estava de ótimo tamanho para os meus sonhos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário