quarta-feira, 16 de novembro de 2011

PRETÓRIA, CAPITAL DA ÁFRICA DO SUL

           Capital administrativa da África do Sul, Pretória surpreendeu por revelar uma faceta daquele país que estava escondida dos turistas, boquiabertos com a beleza da África dos Safáris. O fato é que a história aqui é outra. Ou melhor, a história aqui apenas fica menos obscura. Mais às claras, pude ver transitar à minha frente um país ainda dividido pelas lembranças do apartheid. Ninguém admite. É como se cochichassem pelos cantos, com se os lados outrora opostos colocassem intrinsecamente a culpa no outro.
           Não é fácil entender de primeira a história do país. Por ficar na "esquina" do mundo, do descobrimento, das explorações na época das grandes navegações, a África teve muitos interessados em dominar as suas terras. Os holandeses foram os mais presentes, seguidos dos ingleses. Mas o fato é que as novas gerações que na África nasceram não faziam parte do país de onde seus avós partiram. Eles eram a nova nação sul-africana, com amor pela pátria onde haviam nascido.Obviamente, acabaram se confrontando com séculos de tradição de tribos locais, com seus próprios idiomas e dialetos. Uma disputa de dominação que perdura nas entrelinhas.

Jardins de Pretória
       Tantos povos em um mesmo local que resultou em um país com 11 línguas oficiais (e coloque inglês difícil nisso!!!). O "africanês", língua oficial da África do Sul falada pelos brancos que aqui criaram raízes, acabou gerando um conflito sem precedentes na década de 70, quando imposta nas escolas. Em 1976, houve um massacre em Soweto, onde cerca de 400 crianças negras que se recusavam a tê-la como primeira língua oficial ensinada nas escolas foram mortas pelos policiais, fazendo com que a ONU impusesse pesadas sanções comerciais ao país.

Praça com Estátua de Paul Kruger, importante Presidente
            Depois que os negros assumiram novamente o governo com Nelson Mandela, no início da década de 90, os brancos dizem que o país perdeu um pouco o controle de suas fronteiras e muitos povos de países miseráveis do continente estão vindo para o país. Isso fez aumentar a violência e o desemprego. Para os brancos, que hoje são a minoria, vale a pena ir embora de sua nação para tentar a vida em outro lugar, pois foram criadas leis que protegem os empregos para os negros. Ir embora da própria nação, sentir-se sem pátria, não deve ser muito fácil. Por outro lado, ter sofrido o que os negros sofreram... pudera! Por isso Nelson Mandela é venerado pelos negros que se libertaram da humilhação de serem tratados como escravos de seu próprio país, de sua cor, como se a cor pudesse mudar o seu caráter. Por isso eu digo que, apesar de todos os problemas, às vezes é bom ser brasileiro. Mas só às vezes. 
Arquitetura européia
Sede do Governo, Union Building
             Enfim, ressentimentos à parte, a cidade é muita bonita, não fosse o perigo de assalto que ronda os turistas. O encantamento com que fui invadida pelo país nos primeiros dias acabou esmorecendo aos poucos, mas não de todo, quando vi que um país tão lindo ainda está dividido pelos seus próprios rancores. O turismo de fato caiu no país após a Copa de 2010. As cidades são lindas, há história em todo o canto, essa história que se faz de velha, mas está presente em todo o lugar. O fantástico Union Building, sede do Governo, poderia até parecer fazer parte da Europa... mas estávamos na África... uma África que nem sonhava tentar decifrar.

sábado, 12 de novembro de 2011

NEW YORK, NEW YORKER, NEW YORKING..

        Muita coisa já foi dita e escrita sobre New York. Filmes destrincham suas esquinas, viajantes de todo o mundo desvendam os seus segredos, as pessoas tentam descrevê-la, mas nada como sentir NY. O cheiro de NY, o clima de NY, a alegria contagiante das pessoas que desfilam por aquelas ruas. NY é indescritível, mas podemos tentar. É meio como estar no topo por alguns dias, no centro do mundo, no umbigo do universo.
        NY não é americana, mas sim do mundo. Não tem jeito, em Manhattan você é surpreendido a cada esquina, com uma inesperada surpresa arquitetônica, ou com histórias que já viu em filme, ou com celebridades que dão sopa de vez em quando. E mesmo estando em plena Times Square, onde diversas línguas do mundo todo atravessam a qualquer tempo o seu caminho, é como se soasse tão familiar quanto estar na esquina de casa.
Empire State Building
         E mesmo percorrendo os caminhos de praxe de uma cidade fervilhante, fica sempre a sensação de que há muito, muito ainda o que fazer em NY. O charme de estar em NY é atravessar Manhattan a pé, desde Wall Street até os confins do Harlem. Lógico que isso é impossível de uma só vez, mas pode-se desvendar detalhes a cada dia.

Central Park

Ponte do Brooklyn
          A Ponte do Brooklyn deve ser realmente atravessada a pé. Ver Manhattan a partir do outro lado é uma dádiva. O Skyline de Lower Manhattan, com a paisagem do Píer 17 e o Southstreet Seaport ao fundo, em um clima romântico de início de inverno, dão um charme à cidade que não está em nenhum filme. O ferro fundido do SoHo, com os brownstones das construções tradicionais e até sombrias da cidade, a magnitude do Central Park, a arte latente, o glamour da 5a. avenida, a sensação de estar em frente ao Dakota, onde John Lennon foi baleado, o Empire State, a Macy's, o vazio do World Trade Center... e a força dos norte-americanos em reerguer a sua auto-estima em um novo edifício... tudo isso é parte de NY. E depois de uma visita, NY se torna parte de você.
Battery Park, em frente ao Hudson River
         Porto de entrada para a leva de imigrantes que povoou os Estados Unidos, em uma inspeção rigorosa na Ellys Ilsand, próxima à ilha onde fica a Estátua da Liberdade, NY é parte da construção de um país. Mais do que isso, continua sendo porto do mundo, cidade universal para quem quer bater no peito e dizer que já foi para New York. Pois é... eu posso bater no peito e dizer... E isso fará parte de mim para sempre. Ir a NY é como debutar em viagens de gente grande! Quem é que nunca se sentiu importante ao se ver em NY?
 

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

PILANNESBERG RESERVE, ÁFRICA DO SUL

          África do Sul maravilha! O país do inconcebível apartheid, tão dividido... Em preto e branco, suas imagens do passado são hoje sombra, nuvem espessa ainda encobrindo a história tão recente. Há um clima no ar. Alguns ressentimentos espalhados em uma nação que se refaz ainda podem ser sentidos. Mas se perderão na mão do tempo, nos ventos de paz que revoam por entre os anos e ameaçam dissipar a espessa nuvem. Eu pude ver uma África multicolorida. O passado colore as histórias do imaginário dos turistas, que se encantam com o vermelho, o verde, o alaranjado do país das minas, das savanas, dos animais livres, das pessoas livres, outrora escravizadas no ideário de sua própria nação.
        Depois de nos encantarmos com Sun City, fomos de fato conhecer a África que os turistas mais sonham: a África dos Safáris. Chegamos ao Sheeperds Tree Game Lodge (Sheeperds é uma árvore típica da região), bem no meio da reserva de animais de Pillanesberg, com 60 mil m2, e fomos pegos de surpresa: em um primeiro momento não imaginávamos a exclusividade do Lodge: ele teve como primeiros hóspedes a Seleção de Futebol de Portugal durante a Copa de 2010. O hotel aos poucos revela sua delicadeza. Estar ali, no meio de uma reserva de animais, no verdadeiro silêncio da África, é algo muito peculiar.

Cratera do extinto vulcão em Pilannesberg

Muito frio no fim da tarde
          Fomos recepcionados com coquetel e música, tínhamos um quarto retirado das áreas comuns com uma cama gigantesca e vista para a reserva, e podíamos ser levados até lá de carrinho de golfe. O restaurante era daqueles com chefs premiados e não havia nada a fazer lá a não ser relaxar, comer e esperar a hora do Safári, que fazíamos no por do sol e ao amanhecer. Isso mesmo: antes das 6h da manhã, em um frio de 0 grau, íamos nós em busca de leões.

Sheeperds Tree Game Lodge, Pilannesberg

Safari na África do Sul, Pilannesberg

Família de Elefantes, Pilannesberg
       Em um verdadeiro jogo de caça (saudável), é uma sensação de vitória ou fracasso ficar em busca dos animais. Estivemos cara a cara com leões, elefantes, javalis, girafas, gnus, impalas e muitos outros.  A África rendeu muitas histórias divertidas. Não há como ir embora daquele jogo sem se sentir um pouco Indiana Jones! Mas bom mesmo era aproveitar o chocolate quente e as comidinhas que o nosso Ranger preparava no topo da montanha, com a cratera do vulcão extinto há milhares de anos aos nossos pés. E ele dizia: "Isso é África". Uma África de muitos tons de verde, vermelho, amarelo... Suaves tons inesquecíveis para mim.