Alongar-se até os balneários de Viña del Mar e Valparaíso, na província de Valparaíso, para quem está em Santiago, é uma daquelas "obrigações" turísticas muito gostosas de se fazer. Cerca de 120km distantes de Santiago, a estrada é muito tranquila, apesar dos túneis, vales e montanhas que fazem o percurso se tornar mais lento. O caminho entrecorta o Valle de Casablanca, uma das principais regiões vinícolas do Chile.
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Cenário da estrada para Valparaíso |
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Oceano Pacífico |
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Linda vista de Valparaíso |
Capital do Legislativo do Chile, Valparaíso é um daqueles lugares em que se percebe como o nosso mundo aqui no Brasil é mesmo outro mundo. Não vivenciamos muito essa história de balneários gelados, leões marinhos desfilando calmamente no mar à nossa frente, pescadores enfileirados diante do gélido oceano ou barquinhos de passeio convidando para uma volta pelo Pacífico. Sem querer, um "não, muito obrigada" acabou acontecendo... Não gosto de recusar esse tipo de coisa, mas o frio estava me desencorajando e o vento cortante vindo do mar no princípio de inverno chileno não é muito a minha praia.
Valparaíso teve em sua história o capitão espanhol Diego de Almagro (1536) e também Pedro de Valdívia (1544), que contribuíram para a sua fundação. O lugar se tornou porto de trânsito para o Vice Reino do Peru. Até 1615 a cidade foi vítima dos piratas e corsários ingleses, como Francis Drake, que a saqueavam constantemente, apropriando-se do ouro que vinha do Peru. Foi por isso que o primeiro Forte de Valparaíso foi construído e a cidade passou a ganhar mais identidade.
Mas a real importância de Valparaíso ficou por conta da Independência Chilena, quando a mesma virou porto obrigatório para navios que vinham do Atlântico para o Pacífico. Hoje, o esplendor não é o mesmo. Mas a cidadezinha é charmosa à sua maneira particular. La Sebastiana, casa do poeta Pablo Neruda, é uma das grandes atrações de Valparaíso. Não fosse atrativa a cidade, o poeta não se inspiraria.
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Barquinhos e o Porto |
Suas encostas íngremes, seus miradores, seus "cerros" e ascensores, são importantes tanto para os moradores locais, quanto para os turistas que a visitam, afinal, Valparaíso é cercada por 42 montanhas. É como se ela viesse do mais profundo de suas entranhas e fosse encontrando escapadelas até se arremessar abruptamente ao mar. Parte íntrinseca de um, mas querendo, desejando alcançar o outro. E ser assim dúbia cidade, ajeitando-se na geografia recortada do continente, desajeitadamente.
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Ascensor |
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Casinhas coloridas |
Suas construções coloridas pulverizadas pelas montanhas até chegarem ao mar parecem peças mal encaixadas de um quebra-cabeças que largamos pela sala. Pode parecer, à primeira olhadela, uma bagunça. Mas não é. Suas proporções e posições são tão fantásticas quanto o cenário natural do Pacífico.
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Beira-mar e as aves |
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Leão marinho |
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Píer |
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Restaurante |
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Arquitetura de Valparaíso |
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Casinhas de Valparaíso |
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Armada do Chile |
Esta sim é a verdadeira viagem: olhar o mar gelado batendo contra as rochas, observar os pescadores encarando o tal frio do qual tive a opção de me esconder, são coisas que me colocam de novo olhando a vida de um outro ângulo, fazendo com que ela ganhe novos sentidos. Sentidos que são bem mais que 5, tantas são as experiências que uma visita dessas proporciona. E mais: pássaros tão diferentes cruzando o céu, fazendo do inverno rigoroso a sua morada. Uma vida marinha tão rica! E as casas coloridas, aberrações de uma cidade portuária, cheiro de peixe e praças com construções históricas, já não são nada mais que adorno, caos organizado, situação inerente à história daquelas plagas, justificativa plausível para adorar o passeio.
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