quarta-feira, 31 de julho de 2013

VIÑA DEL MAR, CHILE - LA CIUDAD JARDÍN

        Capital turística do Chile, Viña del Mar é tão graciosa quanto o nome e tão intensamente interessante quanto o apelido que lhe atribuem: "Cidade Jardim". Distante apenas 9Km de Valparaíso e banhada pelo Oceano Pacífico, a cidadezinha é um charme à beira-mar, destacadamente diferente de sua vizinha. Quem conhece Valparaíso em visita de um dia vindo de Santiago, deve passar e parar em Viña del Mar... E perceber que poderia ficar mais, muito mais do que o planejado. Viña é mesmo convidativa.
         É por isso que no verão os turistas aproveitam o clima de balneário para se jogar ao mar, que não tem lá temperaturas tão agradáveis para uma cidade praiana, mas é uma beleza mesmo assim. No inverno, as temperaturas são mesmo baixas e desencorajadoras. Foi quando eu a conheci. Mas mesmo assim, o charme fica por conta da paisagem, pela pintura do sol de fim de tarde nos contornos das curvas e voltas que o mar lhe dá.

Playa Miramar

Fim de tarde em Viña del Mar

Pelicanos em Viña del Mar

Pôr-do-sol em Playa Caleta Abarca
         A cidade foi fundada através da fusão de duas fazendas (Las Siete Hermanas e Viña del Mar - nome este por conta de seus vinhedos) e eram ambas antes divididas pelo rio Marga Marga. O engenheiro e político José Vergara, dono das duas fazendas, fundou a cidade no ano de 1878 através de decreto obtido junto ao governo. Depois do terremoto que assolou Valparaíso em 1906, muitas famílias abastadas se mudaram para a cidade e fizeram dela não somente o seu porto de verão, mas um local para passar a vida toda.
        Há muitas atrações na cidade, mas o pouco tempo que eu tinha não me permitiram ir muito longe. Há praias em todo o entorno, como La Playa Reñaca, distante uns 5Km do centro, com a melhor infra-estrutura da região. Seus prédios foram construídos em formato de degrau e é o local mais badalado do balneário. Há praias pequenas próximas ao centro, como la Playa Caleta Abarca e a Playa Miramar, próximas ao lindo Relógio de Flores, localizado na entrada da cidade para dar boas vindas aos turistas (construído para recepcionar os jogadores e torcedores da Copa do Mundo de Futebol de 1962).

Reloj de Flores

Playa Caleta Abarca

Fim de tarde

Colorido do sol de inverno no balneário

      A grande vista do dia foi proporcionada pelo sol tímido de inverno se escondendo por detrás do Castelo Wulff (Castillo Wulff), construído em 1906. A entrada no Castelo é gratuita, mas pelo horário de funcionamento (cheguei bem no fim da tarde), não pude entrar. Mas acredito que o lado de fora seja tão ou mais gratificante do que lá dentro. A visão das pedras naquele ponto da praia, as aves que fugiam do inverno mais rigoroso do sul, o fim de tarde acontecendo nas cores opacas do castelo e colorindo o mar, são daquelas imagens difíceis de serem borradas pelo tempo. Uma sensação sem igual... Impressão de se ter encontrado o lugar que tanto visitamos em nossos sonhos. Este foi o meu sentimento.

Castillo Wulff entre as rochas

Castillo Wulff

Natureza...
        Deste ponto se avista o rio mencionado e a Av. Peru, importante orla do balneário. Muitos prédios de cores pálidas dominam a paisagem, tão frios quanto o inverno daqueles plagas.

Orla de Viña
        Mas Viña del Mar tinha muito mais reservado do que eu pude buscar naquele dia. Ficou para trás o Casino de mesmo nome da cidade, o mais antigo do Chile. Também ficaram para trás alguns registros mais interessantes da Ponte Casino, que não me dei a chance de fazer. Incluo aí o Parque Vergara, o Museu Fonck (com Moais da Ilha de Páscoa) e muitos outros detalhes.

Rio em Viña del Mar
        Por isso mesmo pretendo um dia voltar para me alongar um pouco mais, talvez em areias mais quentes, em algum verão que eu decida mudar um pouco de ares. Nem que seja para não fazer nada disso, mas apenas me debruçar sobre o parapeito que circunda alguma orla, e ficar observando como é linda a obra-prima da natureza. Como Deus é perfecionista... Como o homem encaixou diante daquelas pedras, cujas águas contra elas se arremessam, um desenho atemporal de suas ideias...

Barquinhos de ilusão no mar infinito...
        Saí de lá com a certeza de que Viña del Mar é um esboço de vida leve, uma fenda no tempo para aqueles que só vivem acelerados. Pois se formos para lá com a alma afinada, ali o tempo não passa, apenas passeia.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

VALPARAÍSO, CHILE

     Alongar-se até os balneários de Viña del Mar e Valparaíso, na província de Valparaíso, para quem está em Santiago, é uma daquelas "obrigações" turísticas muito gostosas de se fazer. Cerca de 120km distantes de Santiago, a estrada é muito tranquila, apesar dos túneis, vales e montanhas que fazem o percurso se tornar mais lento. O caminho entrecorta o Valle de Casablanca, uma das principais regiões vinícolas do Chile.
Cenário da estrada para Valparaíso


Oceano Pacífico

Linda vista de Valparaíso
     Capital do Legislativo do Chile, Valparaíso é um daqueles lugares em que se percebe como o nosso mundo aqui no Brasil é mesmo outro mundo. Não vivenciamos muito essa história de balneários gelados, leões marinhos desfilando calmamente no mar à nossa frente, pescadores enfileirados diante do gélido oceano ou barquinhos de passeio convidando para uma volta pelo Pacífico. Sem querer, um "não, muito obrigada" acabou acontecendo... Não gosto de recusar esse tipo de coisa, mas o frio estava me desencorajando e o vento cortante vindo do mar no princípio de inverno chileno não é muito a minha praia.
    Valparaíso teve em sua história o capitão espanhol Diego de Almagro (1536) e também Pedro de Valdívia (1544), que contribuíram para a sua fundação. O lugar se tornou porto de trânsito para o Vice Reino do Peru. Até 1615 a cidade foi vítima dos piratas e corsários ingleses, como Francis Drake, que a saqueavam constantemente, apropriando-se do ouro que vinha do Peru. Foi por isso que o primeiro Forte de Valparaíso foi construído e a cidade passou a ganhar mais identidade. 
     Mas a real importância de Valparaíso ficou por conta da Independência Chilena, quando a mesma virou porto obrigatório para navios que vinham do Atlântico para o Pacífico. Hoje, o esplendor não é o mesmo. Mas a cidadezinha é charmosa à sua maneira particular. La Sebastiana, casa do poeta Pablo Neruda, é uma das grandes atrações de Valparaíso. Não fosse atrativa a cidade, o poeta não se inspiraria.

Barquinhos e o Porto
      Suas encostas íngremes, seus miradores, seus "cerros" e ascensores, são importantes tanto para os moradores locais, quanto para os turistas que a visitam, afinal, Valparaíso é cercada por 42 montanhas. É como se ela viesse do mais profundo de suas entranhas e fosse encontrando escapadelas até se arremessar abruptamente ao mar. Parte íntrinseca de um, mas querendo, desejando alcançar o outro. E ser assim dúbia cidade, ajeitando-se na geografia recortada do continente, desajeitadamente.
Ascensor
Casinhas coloridas
    Suas construções coloridas pulverizadas pelas montanhas até chegarem ao mar parecem peças mal encaixadas de um quebra-cabeças que largamos pela sala. Pode parecer, à primeira olhadela, uma bagunça. Mas não é. Suas proporções e posições são tão fantásticas quanto o cenário natural do Pacífico.

Beira-mar e as aves

Leão marinho

Píer

Restaurante

Arquitetura de Valparaíso

Casinhas de Valparaíso

Armada do Chile
        Esta sim é a verdadeira viagem: olhar o mar gelado batendo contra as rochas, observar os pescadores encarando o tal frio do qual tive a opção de me esconder, são coisas que me colocam de novo olhando a vida de um outro ângulo, fazendo com que ela ganhe novos sentidos. Sentidos que são bem mais que 5, tantas são as experiências que uma visita dessas proporciona. E mais: pássaros tão diferentes cruzando o céu, fazendo do inverno rigoroso a sua morada. Uma vida marinha tão rica! E as casas coloridas, aberrações de uma cidade portuária, cheiro de peixe e praças com construções históricas, já não são nada mais que adorno, caos organizado, situação inerente à história daquelas plagas, justificativa plausível para adorar o passeio.